Carta Para Mim

Em novembro de 2017, o meu marido, sem me consultar, me inscreveu no curso somente para mulheres.  Eu fiquei sabendo do curso em uma 5a. feira à tarde. Passei o resto do dia furiosa com o meu marido e com muitas dúvidas sobre o curso. Seriam três dias contando com a noite da 6a. feira, sábado e domingo em um hotel fazenda concentrada com várias mulheres que eu não conhecia. Pior, sem poder ver a minha filha de 2 anos e sem mais um fim de semana para descansar.

Após relutar bastante comigo mesma e com o meu marido, decidi ir de última hora para o curso, mesmo porque o curso já estava pago. O meu marido havia pensado em toda a logística e tinha mobilizado a família para ficar com a minha filha e com a minha mãe durante aquele fim de semana (como se alguém não pudesse sobreviver sem a minha presença). Fiquei muito feliz por ter aceitado o presente.

Tudo isso para dizer que o motivo pelo qual escrevo este texto começou com uma dinâmica em grupo onde,  no início, escrevi em um pedaço de papel branco o que gostaria de ter recebido de minha mãe quando criança.

Findo as dinâmicas em grupo, incluindo algo parecido com constelação familiar, e quase no final de uma sessão de mindfulness, recebi um envelope endereçado para mim contendo exatamente a carta que escrevi para a minha mãe: “menos obrigações e mais acolhimento nos momentos de tristeza”. comecei a lacrimejar seguido de um choro silencioso por alguns minutos.

Na verdade, as palavras eram exatamente o que o eu-interior, o eu-criança estava dizendo para mim eu-adulta, estava repetindo subconscientemente comigo mesma e com as pessoas que eu amo o que eu, no meu consciente, eu não queria para mim, mas continuava a repetir o que a minha mãe havia feito e, provavelmente, o que ela vinha carregando da minha avó e, assim por diante, na história das mulheres da minha família.